Arte feita na rua.
Arte feita pra rua.
Arte embelezando as ruas...
Ponta Cabeça
Retomar
Não sei se realmente eu queria estar voltando pra casa...
Ao inves de estar respirando aliviada por poder estar de volta entre meus apetrechos, tenho a nitida sensação de que está faltando algo. Como de fato está.
Falta a companhia daqueles que são amados por mim verdadeiramente. Falta o friozinho sulista, falta o fogão a lenha (mesmo que ele não seja mais usado como antes, ele fica lá, num cantinho da casa da vó, quase que como objeto de decoração), faltam os morros, as escadarias, o sotaque, a comida, a pinguela. Falta o meu eu. Aquele que ficou esquecido a alguns anos.
Voltar pode me trazer alivio momentâneo. Sim, volto pro meu suposto lugar, pro meu suposto trabalho, pro meu suposto futuro promissor e feliz. Mas como disse, é momentâneo.
Não gosto das paixões em definitivo. Sempre falo, elas são passageiras e meu mundo atual foi uma paixão. Passou, seu ciclo acabou.
Ou me permito apaixonar novamente pela vida que agora tenho, ou então volto pro que é meu, pra saber se viver pelas bandas de lá é amor verdadeiro...
Escreva, Chicletinha, escreva...
Escrever ainda é uma arte?
Sempre assim
Lá por Santa Catarina...
Às vezes a gente só quer um pouco de sossego, dormir até mais tarde, não escutar o telefone tocar...
Ficar lá, no sofá, animada com a programação da tv, ou sem vontade de fazer coisa alguma. Desfrutar das almofadas, possuir o controle remoto e cochilar sem receio de não ter colocado o relógio despertar.
Beber água e deixar a garrafa dentro da geladeira pela metade, esquecer do copo usado na pia e não ter hora para lavá-lo, afinal, ninguém vai aparecer para notar o nível da bagunça da casa.
Não abrir as janelas logo de manhã, como quem antes o fazia para avisar o vizinho que mais um dia estava começando e que novamente, tudo aconteceria como têm acontecido nos últimos anos. A ida pro trabalho, o retorno, o cheiro da comida esquecida no fogo ou a falta do cheiro de comida caseira há dias.
Sim, deitar-se de madrugada, acordar sabe lá Deus quando. Tomar um banho calmo, com bastante espuma e música ecoando alto, mesmo que seja aquela cantada pela própria voz de quem nunca teve coragem de cantar se quer um refrão em público. Ou então, esquecer do banho, deixar os cabelos sujos por mais um dia...
E lá fora faz sol, cai chuva. E o mundo pode desabar enquanto o momento mais importante dos últimas minutos é virar pro lado e dormir mais um pouco, esperando bons sonhos ou pesadelos. Isso não importa, o que vale é fechar os olhos e se entregar ao adormecer.
As pessoas se perguntam o que está acontecendo de fato.
O que deveria ser comum parece fora do normal.