Sempre assim

Poderia ser indiferente, como de fato sou. Mas não sinto. Não sinto a indiferença, apenas demonstro. É mais fácil fingir.
Nem sempre dá certo. Naquele dia não deu. Não tive tempo de tentar esconder o que sinto. Não tive tempo de sair de lá, sair correndo pra dentro de mim e me enterrar nos pensamentos. Pensamentos que ninguém além de mim precisa saber.
Ele sabe. Já me conhece bem, mesmo sem eu permitir. Percebo isso a cada vez que o diálogo se torna um monólogo. Meu monólogo. Sabe mesmo que a melhor solução é me deixar ali, no silêncio.
Sabe também que se qualquer conversa prosseguisse, deixaríamos de nos falar. Acho que por isso não retruca. No fundo, essa situação é bem atraente. Um jogo, como daqueles que costumo jogar e perder, e ganhar na maioria das vezes.
Um jogo onde os jogadores podem se esconder, cada um a sua maneira. Ganho por me esconder.
Eu em meio a minha busca por situações problemáticas  que ocupam meu tempo e mente, e ele escondido em sua paciência. Insuportável paciência que me faz lhe querer bem cada vez mais.



0 comentários: